Sendo a integração do bebé um processo interactivo que envolve de um modo forte e significativo a criança, a família, o grupo de crianças, o pessoal, e todo o ambiente, exige uma reflexão aprofundada sobre as modalidades de adaptação à creche.

O ambiente é determinante na qualidade da rede de relações que proporciona, razão pela qual se organiza o espaço de forma a facilitar a comunicação e a partilha das culturas em presença. Condições para que cada criança e família se sinta bem desde o primeiro encontro.

Com o objectivo de encontrarem os procedimentos adequados que ajudem a criança e a família a ultrapassarem a ansiedade ligada à separação, é possível estabelecer com cada família um programa para a integração da criança tendo, necessariamente, em conta as características de cada família e a singularidade do processo de adaptação de cada criança.

Poderão ser definidas, em equipa, (e equipa da sala) as estratégias para a integração do bebé na creche tendo em conta as expectativas das mães:

quer proporcionando uma visita à creche, antes da integração da criança. Os pais irão conviver antecipadamente com o futuro espaço do seu filho, os objectos, e as cores que o envolverão. Lembro uma mãe que nesta visita perguntava: “o meu bebé pode ficar com a cama amarela ?” Por outro lado, o bebé entrará em relação com o novo ambiente e com pessoas na presença da mãe, mais facilmente será capaz de mobilizar as suas relações de fixação;

quer proporcionando encontros com pais cujos filhos já frequentaram a creche para confronto de preocupações e experiências (estas reuniões têm sido muito eficazes na redução da ansiedade e começa a instalar-se uma maior confiança reforçada por esta ajuda entre pares. Os pais são convidados a calendarizar a entrada gradual dos seus bebés, conciliando os interesses e necessidades de cada família);

quer favorecendo a entrada gradual dos bebés para que cada um deles e a sua família possam receber a devida atenção por parte do pessoal no primeiro dia de permanência na creche;

quer, a adaptação progressiva em que os tempos de permanência do bebé, na creche deverão ser mais curtos de início;

quer o, objecto transicional, assim denominado por Winnicott, que constitui uma fonte segura de conforto e alívio, e tem um papel importante porque permite representar a mãe ausente e dessa forma tolerar a separação. Frequentemente a mãe tem vergonha de trazer o objecto preferido do filho. Por vezes, quando a educadora insiste na importância deste objecto na creche, mães há, que não o trazem, dizendo que o seu filho não tem preferência por um objecto. Lembro uma mãe que foi comprar um boneco para trazer para a creche e tempos depois, após confiar, foi capaz de trazer um pedaço de soutien velho e malcheiroso que o seu filho “não largava”. Enquanto estes “milagres” não acontecem e na impossibilidade do bebé escolher o seu objecto, pode a mãe, construir com a educadora, um boneco que levará, para ganhar os cheiros de casa, e depois, trará para a creche. Mães há, que mantêm o boneco junto ao peito para o impregnar do seu cheiro;

quer, ainda, solicitando a presença da mãe durante o período de adaptação do bebé. Estratégia utilizada, com eficácia, nas creches camarárias de Reggio Emília, onde, com saber e convicção, a equipa se deixa observar, observando..

A educadora combina com a mãe a sua presença na creche, durante o tempo necessário, até a criança se sentir segura. A mãe é informada da importância deste procedimento, bem como da atitude que deve assumir de observadora participante, sem interferir na conduta autónoma da criança. A mãe é convidada a participar nos cuidados do seu filho e a estar presente durante as refeições e o repouso.