As mães, referindo-se ao período de integração do bebé na creche, falam dos seus sentimentos, de tristeza, de estranheza quando dizem: “vou sentir falta do meu filho”, “vou ter pena de o deixar a pessoas estranhas” ou “já sinto falta do meu trabalho”. Manifestam receio de não serem aceites no seu estilo de cuidar o bebé quando referem por exemplo “tenho vergonha desta chucha, é a única que ele gosta.”

Referindo-se ao bebé, dizem as mães, que vai sentir estranheza relativamente ao espaço e às pessoas, à forma como vai ser cuidado, à individualização de tratamento: “não vai dormir”; “vai sentir a falta do peito”; “vai precisar de colo para não chorar”; “ vai estranhar o barulho”.

As educadoras, pelo seu lado, referem-se a sentimentos de estranheza, receio de não serem capazes de descodificar correctamente os sinais do bebé que não conhecem; de frustração.

Durante o período de integração na creche poderão surgir, na criança, sentimentos de abandono, dando lugar à ansiedade ou insegurança.

Na creche, é observável que a raiva dirigida contra a pessoa ausente se manifesta muitas vezes quando a mãe vem buscar a criança. Ela tem um comportamento marcadamente ambivalente: se por um lado parece ignorar deliberadamente a presença da mãe, por outro pede-lhe o seu apoio e conforto, chorando e agarrando-se a ela. Esta situação não é bem entendida pela mãe criando sentimentos confusos, aumentando a culpabilização ou ansiedade que nutre por deixar as crianças ao cuidado da creche. Saber que a creche é factor de desenvolvimento para o filho pode compensá-la e de certa forma desculpabilizá-la.

Todos estes sentimentos a par de outros, como o do apego em construção e o do apreço levam, necessariamente, a que se instalem na mãe, na criança e na educadora, sentimentos ambivalentes.

A compreensão destes sentimentos, bem como dos diferentes papéis que implicam especificidade de funções, pode devolver à mãe (e ao bebé) a confiança necessária para ultrapassar com mais tranquilidade esta fase.