Educao de Infancia
O medo é uma emoção básica, que coloca o nosso organismo em sobre-alerta e o prepara para fugir e/ou defender-se perante a percepção de perigo. A generalidade das crianças passará por algum sintoma de medo durante a sua infância, em especial as raparigas que, no entanto, têm uma maior facilidade em ultrapassá-lo. Esta maior facilidade estará, provavelmente, ligada a uma maior capacidade em exteriorizar sentimentos e emoções que, em consonância com a ajuda dos pais, lhes possibilita uma melhor compreensão dos seus sentimentos, e leva a uma procura mais eficaz de estratégias para lidar com os mesmos.
Desta forma, ao falarmos de medos, devemos encará-los enquanto emoção saudável, com uma função adaptativa: alertar para os perigos que rodeiam.
Os medos estão ligados a etapas específicas do desenvolvimento. Apesar de serem tarefas desenvolvimentais que terão de ultrapassar, o modo e a intensidade com que os sentem varia de criança para criança, de acordo com a sua personalidade, a dos pais, entre outros factores. Com o crescimento e correspondente maturação cognitiva e emocional, a criança, com a colaboração dos pais, vai encontrando estratégias eficazes para lidar com os medos, pelo que, na sua maioria, acabam por desaparecer.
Nos primeiros tempos de vida duma criança, o seu medo está muito ligado ao receio de perda do seu cuidador, a sua figura de referência (geralmente a mãe), denominando-se de medo ou ansiedade de separação. Por volta dos 7/8 meses de vida, os bebés adquirem a capacidade de distinguir os rostos familiares, em especial o da sua mãe, em contraste com os que desconhece. Surge aqui uma fase denominada de Angústia do Estranho, caracterizada pela manifestação, por parte da criança, de medo ou ansiedade perante a presença de estranhos, ou pessoas com quem tenha menos contacto. Nesta fase, as crianças ainda não adquiriram uma competência, a da “permanência do objecto”, que consiste no saber que, quando algo (ou alguém) sai do seu campo de visão, pode voltar. Para o bebé, quando tal acontece, ele sente medo por esse objecto deixar de existir.
A partir dos dois anos, é frequente a criança começar a ter medo de ser abandonada pelos pais e, consequentemente, de qualquer separação que possa ocorrer. É igualmente nesta fase que se verifica um aumento do medo dos animais, que costuma perdurar até por volta dos quatro anos.
A imaginação assume um papel preponderante nos medos das crianças e é, com o aproximar dos três anos (altura em que a imaginação se torna mais rica e atinge um maior grau de desenvolvimento) que é potenciado o surgimento do medo do escuro, dos monstros, fantasmas, ladrões, entre outros. Este é um dos medos mais comuns entre as crianças, sendo transversal a várias culturas e civilizações. Geralmente surge entre o terceiro e o sexto ano de vida da criança, e é habitualmente ultrapassado até à entrada para a escola. Ocorre com especial incidência na hora de dormir, momento em que a criança se sente “desprotegida”, pois confronta-se com a separação física dos pais, bem como com a segurança que esta presença lhe oferece.
Com o atingir dos seis anos de idade, a criança atinge uma fase de desenvolvimento que lhe permite encarar a morte como algo irreversível, perdendo o seu lado fantasioso e assumindo uma vertente mais concreta, o que lhe provoca medo da sua própria morte, bem como a das suas figuras de referência. Verifica-se aqui uma transição do medo de separação para o medo de morte. Aí, apresenta uma associação de morte a coisas concretas, como a uma pessoa, a caixões, cemitérios, etc.
Paralelamente à entrada para a escola, e ao longo do seu curso, surgem medos ligados a esta nova etapa da sua vida, bem como aos desafios a ela associados. O medo de se expor, ter de falar nas aulas, ir ao quadro, as histórias contadas de agressão dos mais velhos, entre outros, causam apreensão às crianças. Aqui os medos estão muito ligados à identidade da criança, à sua auto-estima e sentimentos de insegurança. Poderá surgir o receio de ser diferente, ser gozado pelos outros.
Esta insegurança e medo assumem um papel marcante num espaço como a escola, pois estes sentimentos poderão transmitir à criança a sensação de impotência perante a resolução de dificuldades que até pode percepcionar como não perigosas, mas que apenas não se sente capaz de as ultrapassar. Nestes casos, é essencial que os pais e/ou educadores saibam escutar a criança, desmistificar esses sentimentos e, sobretudo, ouvi-las e ajudá-las no sentido de encontrar estratégias eficazes para a resolução dos seus medos.
Os Pais podem ajudar
É impossível os pais evitarem o sentimento de medo por parte dos seus filhos (o que também não seria salutar). Ao invés disso, podem ter um papel preponderante no auxílio da procura de estratégias que permitam à criança lidar convenientemente com os obstáculos com que é confrontada e lhe permitam ultrapassar o medo.
Os pais ao se depararem com os medos dos seus filhos, naturalmente podem manifestar confusão e algum desconhecimento sobre a forma mais adequada para lidar com a situação. Antecedente à procura de estratégias para ultrapassar esses medos, é fundamental que os pais validem e respeitem os sentimentos dos filhos, e tal passa por nunca os ridicularizar ou desvalorizar. Os medos são fruto do processo de desenvolvimento da criança, o que acarreta novos desafios. São um factor positivo, e é dessa forma que deverão ser encarados, apesar do filho ainda não ter atingido um nível de maturação que lhe permita enfrentar esse medo da forma mais eficaz.
O bem estar emocional da criança é favorecido pela existência de cumplicidade com os pais. A criança ao ter medo, enfrenta o anseio de não o conseguir ultrapassar, bem como o de ser a única que passou por este sentimento. O acto dos pais relatarem à criança que também eles passaram por situações semelhantes, inclusive uma similar à que o filho sente, fá-las sentir apoiadas e aceites, transmite-lhes a possibilidade de vencerem os seus medos e serem “grandes e fortes” como os seus pais. Procure explorar com os seus filhos formas de resolver as situações, podendo também dar exemplos de como conseguiu resolver os seus próprios medos.
A promoção do diálogo entre pais e filhos é uma das melhores “ferramentas” que se pode transmitir aos filhos. Essa abertura ao diálogo, permite deixar uma “janela aberta”, o que facilitará à criança a procura dos pais (ou outras figuras de referência) quando se sentir ameaçada, ou estiver a lidar com sentimentos perante os quais sente dificuldades em lidar. Só o acto da criança falar e explicar os seus medos aos pais, serve de alívio e, além de promover uma maior aproximação entre os pais e os filhos, é um importante passo na procura conjunta de soluções para os problemas.
Uma estratégia universal perante uma situação percepcionada como perigosa é a fuga ou o evitamento. Torna-se importante a consciencialização que, só através do enfrentar dos desafios, é que conseguimos ultrapassá-los. Recorrendo à aceitação e validação dos sentimentos dos filhos, cabe aos pais ajudarem a criança na procura da forma mais eficaz de resolução do problema, ao invés da fuga, frequentemente a primeira resposta à questão ansiogénica. Os medos, sendo marcadores do desenvolvimento da criança, funcionam como tarefas desenvolvimentais, às quais cabe à criança ultrapassar, resultando na promoção da autonomia da criança, no seu desenvolvimento emocional, que consequentemente se repercute ao nível do seu auto-conceito. O enfrentar atempado dos medos evita que, a longo prazo, estes possam possuir uma dimensão patológica resultante em fobias.
262 Respostas for "O medo na criança"
Ola Bom dia … Tenho uma filha de tres ano so que ele vai para um berçario e a tia de la veio me fala que acha ela muito fechada brinca sozinha e la tem varias crianças … o que eu devo fazer em relação a isso ja tentei de tudo
Minha filha esta com 4 ano uma coleguinha falou que existe lobisomem no banheiro da escola . Agora todo dia faz xixi na roupa e ela fica o dia todo na escola. Ate em casa tenho que ir no banheiro o que fazer
Ola meu filho de 8 anos não consegue mais dormir, diz ter um fantasma de preto em cima da cama olhando para ele a noite toda, esta com os olhos roxos por olheiras, não sei mais o que fazer
Olá. Minha filha sempre foi sintomática. Ela tem hoje sete anos e dois meses para cá o apego a mim, como mãe, aumentou muito. Não quer mais fazer nada sem mim. Se vai p a casa das amigas têm medo e as vezes chora muito. Ela diz que sente muita saudade de mim. Não sei mais o que fazer, porque se preciso trabalhar e deixá-lá com as avós, que ela ama muito, ela também faz o mesmo.
Bom Dia Raquel,td bem?tenho uma menina de 7 anos!ela não quer ir a escola,,dores de cabeça e estomago na hora de ir.Esta fazendo xixi a cada 5 minutos,o xixi parece ser só nas idas(espectativas,anseios)nas voltas não.agora mal quer sair de casa de medo de não ter banheiro onde vai.Na hora de entrar na fila da escola e no recreio parece ser o pior,ela ja corre pro banheiro,me disse que no recreio não tem amiguinhas,elas querem correr e ela não quer!Esta muito emotiva.Ela me contou que não foi justo a prof. ter mudado ela de carteira pois quem bagunçava era a coleguinha,parece estar se sentindo injustiçada.Estamos angustiados ,sem saber o que fazer.Voce podeira nos ajudar por favor?muito obrigado.
Olá… Gostei muito dos comentários acima e também preciso de ajuda. Tenho uma menina de 3 anos e 8 meses, tem 1 mês que freqüenta escola, 1/2 período e desde então, nao se alimenta direito antes de ir a escola, chora e o que mais me preocupa é o vômito, qdo não vomita em casa, vomita na escola. Ela vomita umas 3 a 4 vezes por semana, só na hora de ir a escola ou qdo está na escola. Fico preocupada pois isso prejudica sua saúde, já emagreceu. Não sei o que faço. Por favor me oriente. Obrigada!
Ola, tenho uma filha com 4 anos que todos os dias diz me que eu vou morrer, vou trabalhar e fica com o pai e passa o dia a dizer lhe que a mae vai morrer. Hoje sai por dez minutos e quando regressei perguntou me se tinha morrido, estou preocupada porque nao sei o que pensar.
Boa tarde, tenho um filho de 4 anos e ele não frequenta casa de coleguinhas, primos… Gosta de ficar em casa sozinho brincando. Frequenta a escola desde os três anos mas em novembro desse ano começou a chorar pra entrar na sala. Isso é normal?
preciso de ajuda minha filha tem muito medo de cachorro, me oriente agradecida ana
Bom dia! Me chamo Vanessa, tenho uma filhinha linda de 01 ano e 10 meses ela vai p creche desde os 09 meses, no começo do ano ela mudou de sala na escolinha e de professoras também, até hoje ela chora p entrar na salinha e outro dia me falou q tem medo de uma das professoras e fk falando q a professora briga. Com as outras professoras ela fica bem . Nao da pra entender pq quando vou pega la ela chora n ir p casa .
boa tarde tenho uma filha de 10 anos e ela e muito agitada gosta de brincar na rua mais de um tempo pra ca de vez enquanto ela fica calada e nao que que a mae ou eu fique longe dela quando issi aconteçe ela começa a chora isso passou a acontecer depois que minha tia morreu o que devo fazer pra ajudar minha filha desde ja obrigado
Tenho um filho adotivo ele faz acompanhamento com psicóloga desse 3 anos de idade faz acompanhamento com neurpsiquiatra tb já tomou vários remédios e casa um da certo por um período depois começa tudo de novo ele é muito nervoso não aceita o não como resposta mais gosta de falar não pra todos Ten dificuldade em se relacionar com adultos e não gosta de bebê e nem criança pequena morre de medo que eu e o pai o abandone é anti-social adora brincar no tablet e ver vídeos macabros de medo e não gosta que fale dele pra ninguém não gosta de praticar esportes quer ficar só em casa e come muito doce ele agora está com 9 anos e estuda em escola militar mais detesta as regras me ajudem ele agora está sem medicamento mais tem horas que parece que vai surtar tenho medo de prejudicar ele futuramente com essas medicações.
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