Educao de Infancia


Como lidar com as birras?

Nov 23, 2008 Autora: Raquel Martins | Colocado em: Pais
Entre os 18 meses e os 3/4 anos, quase todas as crianças passam, com menor ou maior intensidade, por momentos de birras, o que deixa frequentemente os pais irritados, e sem saber como reagir.

As birras são um sinal de crescimento, e é uma característica duma fase em que a criança procura afirmar-se.
Apesar de ser difícil lidar com este tipo de comportamentos, eles podem tornar-se em óptimas oportunidades de ajudar a criança a aprender a conviver com sentimentos como a frustração e a zanga, e a desenvolver a capacidade de auto-controlo.
A tarefa dos pais é ensinar à criança outras formas de expressar as suas necessidades, e a aceitar o facto de que nem sempre lhe fazem a vontade, em vez de fazer birra.
É necessário que os pais não tenham receio de dizer não, explicando a razão de o fazerem. Cabe-lhes ensinar aos filhos que as birras não os farão mudar a sua opinião, bem como que o seu amor pelo filho não se alterará.
Se mesmo assim não resultar, procure distraí-lo ou não lhe dê atenção por alguns minutos. Muitas birras terminam quando deixam de lhes dar atenção.

Após a criança controlar-se, felicite-a por ter optado pelo bom comportamento, e procure falar com ela sobre alternativas de se expressar, em vez de usar birras.
Os pais têm que ser firmes e fazerem respeitar as suas regras. As crianças assim aprendem que tudo tem limites, e aprendem a viver em sociedade.
Apesar de ser difícil lidar com este tipo de comportamentos, eles podem tornar-se em óptimas oportunidades de ajudar a criança a aprender a conviver com sentimentos como a frustração e a zanga, e a desenvolver a capacidade de auto-controlo. A tarefa dos pais é ensinar à criança outras formas de expressar as suas necessidades, e a aceitar o facto de que nem sempre lhe fazem a vontade.
Apesar disso, não pense que esta será a última birra…

Não digas nada à mãmã

Set 28, 2008 Autora: Raquel Martins | Colocado em: As nossas leituras

Um livro…uma história…sem dúvida uma leitura obrigatória.

Este não é um conto de fadas, de princípes e princesas, é uma história real, de uma criança que lhe viu ser negado o direito de crescer feliz.

Esta é a história de Toni, uma menina de seis anos. E foi com seis anos que o seu pai teve a sua primeira atitude obscena, a pequena Toni arranjou coragem para contar à mãe o que tinha acontecido, certa de que esta traria a normalidade de volta à sua vida. Mas a mãe fez o impensável: disse-lhe para nunca mais falar nesse assunto.

Uma história para nos fazer pensar, e para nos fazer fiicar atentas a estas realidades, não há só uma Toni.

Boas leituras!!!

 

  • Não digas nada à mãmã, Editora ASA.

O que é a enurese?

Set 27, 2008 Autora: Raquel Martins | Colocado em: Pais, Psicologia Infantil, Saúde Infantil

 

Enurese é a emissão activa completa e não controlada de urina após a idade da maturidade fisiológica, que acontece, em geral entre os 3 e os 4 anos. Para isso, é necessário que esse comportamento ocorra várias vezes.
Primeiro é necessário saber se é de origem orgânica, após ter sido feito o despiste e informado o seu médico de família ou pediatra,e se não houver qualquer problema, podem dar-se duas situações:

Ou a criança sempre fez chichi na cama ou na roupa e não aprendeu a controlar a bexiga, nem está habituada a fazê-lo (enurese primária), o que pode ser facilmente ultrapassável com a ajuda adequada;

Ou a criança já foi capaz de controlar a sua bexiga e agora já não controla e faz chichi na cama (enurese secundária). Neste caso, pode estar em causa aspectos como: ter tido um irmão à pouco tempo, problemas familiares, afastamento temporário de um dos pais, educação muito rígida, problemas no Jardim-de-Infância ou na escola, mudança recente de casa, entre outras.

É importante que os pais tenham em mente que não se faz chichi na cama de propósito. E pode ser uma situação muito angustiante e humilhante para a criança, podendo sentir-se culpada, envergonhada e triste.

É também importante referir que esta situação é transitória e que se irá resolver, podendo demorar mais tempo em alguns casos que outros.

Mas existem, algumas estratégias que os pais podem utilizarr para ajudar a criança a deixar de fazer chichi na cama.

Não volte a colocar fraldas na criança, o uso de fralda, apenas servirá para que a criança não sinta necessidade de aprender a controlar a bexiga.

Coloque um resguardo de plástico na cama, entre os lençóis e o colchão. Com esta atitude,  a criança sente-se mais descansado.  Diga ao seu filho para não ficar preocupado se fizer chichi, porque o plástico não vai deixar molhar a cama.

Reduza a quantidade de líquidos (leite, água, sumos) que a criança ingere durante as duas últimas horas antes de deitar. Explique ao seu filho que está a fazer isso para que ele tenha menos vontade de fazer chichi à noite .

Certifique-se que a criança faz sempre chichi no bacio ou na casa-de-banho antes de ir para a cama.

Se notar que a criança costuma fazer chichi na cama a uma certa hora da noite, acorde-a meia hora antes e diga-lhe para ir à casa de banho. Tente mesmo que ela acorde, em vez de fazer chichi a dormir.

Evite que a criança tenha uma actividade muito excitante antes de se deitar.

A criança deve dormir com uma roupa que ela saiba despir, sem muita dificuldade. Se for necessário, coloque uma luz de presença no quarto e um bacio perto dela.

Evite dizer à criança expressões como: “Quando fazes chichi na cama eu não gosto de ti”, “és feia”, “és má”, “és uma porcalhona”, “as meninas grandes já não fazem chichi na cama, és um bébé”. Este tipo de expressões só vai contribuir para que a criança se sinta ainda pior.

Fale com a criança para tentar preceber se tem algum medo, alguma preocução, etc, sempre com muito cuidado para não a magoar. Dê menos importância à cama molhada e mais às preocupações do seu filho.

Elogie-a sempre pelos sucessos que vai conseguindo, quando se consegue levantar durante a noite para fazer chichi ou cumprir alguma destas indicações. Diga coisas como “muito bem”, “eu sei que tu és capaz”, “vês como consegues aprender!”, “estou orgulhosa de ti”, “parabéns”.

Não comente estes acontecimentos com pessoas estranhas, pois, assim não o está a ajudar mas a deixá-lo mais envergonhado e ansioso.


I Reunião de Pediatria Comunitária

Set 21, 2008 Autora: Raquel Martins | Colocado em: Formação
I Reunião de Pediatria ComunitáriaDia: 26 de Setembro de 2008  a 27 de Setembro de 2008

Local: Viana do Castelo

Organização: Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE

Temática: Pediatria Comunitária – Desmistificando situações comuns

Resumo:
Sintomas comuns: A febre – As convulsões (febris e não febris) – A tosse – A criança que não come;
Doenças comuns: – As viroses – As gastrenterites agudas – Bronquiolites, pneumonias e outras infecções respiratórias – Amigdalites, otites e conjuntivites
A criança na escola: – A criança que não aprende – Hiperactividade ou falta de regras?
Os acidentes: – Prevenção de acidentes em casa e nas escolas – Como transportar as crianças nos automóveis
Ler, dormir e que mais? – O sono na infância – O sono na adolescência
A adolescência: – A sexualidade e os afectos – O bullying e comportamentos desafiantes.

Data limite para envio de Comunicações Livres: 12/09/2008

Secretariado: 
Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar Alto Minho, EPE
Estrada de Santa Luzia
4901 –858 Viana do Castelo
E-mail: pediatria.comunitaria@gmail.com
Tel: 258 802 414

Para saber o programa e mais informações: http://www.spp.pt/eventos/default.asp?ida=179&ID=136

 

O medo na criança

Set 1, 2008 Autora: Raquel Martins | Colocado em: Psicologia Infantil, Saúde Infantil

O medo é uma emoção básica, que coloca o nosso organismo em sobre-alerta e o prepara para fugir e/ou defender-se perante a percepção de perigo. A generalidade das crianças passará por algum sintoma de medo durante a sua infância, em especial as raparigas que, no entanto, têm uma maior facilidade em ultrapassá-lo. Esta maior facilidade estará, provavelmente, ligada a uma maior capacidade em exteriorizar sentimentos e emoções que, em consonância com a ajuda dos pais, lhes possibilita uma melhor compreensão dos seus sentimentos, e leva a uma procura mais eficaz de estratégias para lidar com os mesmos.

Desta forma, ao falarmos de medos, devemos encará-los enquanto emoção saudável, com uma função adaptativa: alertar para os perigos que rodeiam.

Os medos estão ligados a etapas específicas do desenvolvimento. Apesar de serem tarefas desenvolvimentais que terão de ultrapassar, o modo e a intensidade com que os sentem varia de criança para criança, de acordo com a sua personalidade, a dos pais, entre outros factores. Com o crescimento e correspondente maturação cognitiva e emocional, a criança, com a colaboração dos pais, vai encontrando estratégias eficazes para lidar com os medos, pelo que, na sua maioria, acabam por desaparecer.

Nos primeiros tempos de vida duma criança, o seu medo está muito ligado ao receio de perda do seu cuidador, a sua figura de referência (geralmente a mãe), denominando-se de medo ou ansiedade de separação. Por volta dos 7/8 meses de vida, os bebés adquirem a capacidade de distinguir os rostos familiares, em especial o da sua mãe, em contraste com os que desconhece. Surge aqui uma fase denominada de Angústia do Estranho, caracterizada pela manifestação, por parte da criança, de medo ou ansiedade perante a presença de estranhos, ou pessoas com quem tenha menos contacto. Nesta fase, as crianças ainda não adquiriram uma competência, a da “permanência do objecto”, que consiste no saber que, quando algo (ou alguém) sai do seu campo de visão, pode voltar. Para o bebé, quando tal acontece, ele sente medo por esse objecto deixar de existir.

A partir dos dois anos, é frequente a criança começar a ter medo de ser abandonada pelos pais e, consequentemente, de qualquer separação que possa ocorrer. É igualmente nesta fase que se verifica um aumento do medo dos animais, que costuma perdurar até por volta dos quatro anos.

A imaginação assume um papel preponderante nos medos das crianças e é, com o aproximar dos três anos (altura em que a imaginação se torna mais rica e atinge um maior grau de desenvolvimento) que é potenciado o surgimento do medo do escuro, dos monstros, fantasmas, ladrões, entre outros. Este é um dos medos mais comuns entre as crianças, sendo transversal a várias culturas e civilizações. Geralmente surge entre o terceiro e o sexto ano de vida da criança, e é habitualmente ultrapassado até à entrada para a escola. Ocorre com especial incidência na hora de dormir, momento em que a criança se sente “desprotegida”, pois confronta-se com a separação física dos pais, bem como com a segurança que esta presença lhe oferece.

Com o atingir dos seis anos de idade, a criança atinge uma fase de desenvolvimento que lhe permite encarar a morte como algo irreversível, perdendo o seu lado fantasioso e assumindo uma vertente mais concreta, o que lhe provoca medo da sua própria morte, bem como a das suas figuras de referência. Verifica-se aqui uma transição do medo de separação para o medo de morte. Aí, apresenta uma associação de morte a coisas concretas, como a uma pessoa, a caixões, cemitérios, etc.

Paralelamente à entrada para a escola, e ao longo do seu curso, surgem medos ligados a esta nova etapa da sua vida, bem como aos desafios a ela associados. O medo de se expor, ter de falar nas aulas, ir ao quadro, as histórias contadas de agressão dos mais velhos, entre outros, causam apreensão às crianças. Aqui os medos estão muito ligados à identidade da criança, à sua auto-estima e sentimentos de insegurança. Poderá surgir o receio de ser diferente, ser gozado pelos outros.

Esta insegurança e medo assumem um papel marcante num espaço como a escola, pois estes sentimentos poderão transmitir à criança a sensação de impotência perante a resolução de dificuldades que até pode percepcionar como não perigosas, mas que apenas não se sente capaz de as ultrapassar. Nestes casos, é essencial que os pais e/ou educadores saibam escutar a criança, desmistificar esses sentimentos e, sobretudo, ouvi-las e ajudá-las no sentido de encontrar estratégias eficazes para a resolução dos seus medos.

Os Pais podem ajudar

É impossível os pais evitarem o sentimento de medo por parte dos seus filhos (o que também não seria salutar). Ao invés disso, podem ter um papel preponderante no auxílio da procura de estratégias que permitam à criança lidar convenientemente com os obstáculos com que é confrontada e lhe permitam ultrapassar o medo.

Os pais ao se depararem com os medos dos seus filhos, naturalmente podem manifestar confusão e algum desconhecimento sobre a forma mais adequada para lidar com a situação. Antecedente à procura de estratégias para ultrapassar esses medos, é fundamental que os pais validem e respeitem os sentimentos dos filhos, e tal passa por nunca os ridicularizar ou desvalorizar. Os medos são fruto do processo de desenvolvimento da criança, o que acarreta novos desafios. São um factor positivo, e é dessa forma que deverão ser encarados, apesar do filho ainda não ter atingido um nível de maturação que lhe permita enfrentar esse medo da forma mais eficaz.

O bem estar emocional da criança é favorecido pela existência de cumplicidade com os pais. A criança ao ter medo, enfrenta o anseio de não o conseguir ultrapassar, bem como o de ser a única que passou por este sentimento. O acto dos pais relatarem à criança que também eles passaram por situações semelhantes, inclusive uma similar à que o filho sente, fá-las sentir apoiadas e aceites, transmite-lhes a possibilidade de vencerem os seus medos e serem “grandes e fortes” como os seus pais. Procure explorar com os seus filhos formas de resolver as situações, podendo também dar exemplos de como conseguiu resolver os seus próprios medos.

A promoção do diálogo entre pais e filhos é uma das melhores “ferramentas” que se pode transmitir aos filhos. Essa abertura ao diálogo, permite deixar uma “janela aberta”, o que facilitará à criança a procura dos pais (ou outras figuras de referência) quando se sentir ameaçada, ou estiver a lidar com sentimentos perante os quais sente dificuldades em lidar. Só o acto da criança falar e explicar os seus medos aos pais, serve de alívio e, além de promover uma maior aproximação entre os pais e os filhos, é um importante passo na procura conjunta de soluções para os problemas.

Uma estratégia universal perante uma situação percepcionada como perigosa é a fuga ou o evitamento. Torna-se importante a consciencialização que, só através do enfrentar dos desafios, é que conseguimos ultrapassá-los. Recorrendo à aceitação e validação dos sentimentos dos filhos, cabe aos pais ajudarem a criança na procura da forma mais eficaz de resolução do problema, ao invés da fuga, frequentemente a primeira resposta à questão ansiogénica. Os medos, sendo marcadores do desenvolvimento da criança, funcionam como tarefas desenvolvimentais, às quais cabe à criança ultrapassar, resultando na promoção da autonomia da criança, no seu desenvolvimento emocional, que consequentemente se repercute ao nível do seu auto-conceito. O enfrentar atempado dos medos evita que, a longo prazo, estes possam possuir uma dimensão patológica resultante em fobias.

 


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