“Vem aí a Prima Vera”

Carolina fica intrigada quando recebe a carta de uma Prima que não conhece. Quando a vai esperar à estação vê-se rodeada por outros meninos que, ansiosos, também aguardam a anunciada visita.

Finalmente chega à estação uma menina carregada de presentes: joaninhas, flores, sol, andorinhas…

Quem será afinal esta Prima tão especial?

Era uma vez uma menina chamada Carolina a quem o carteiro, numa bela manhã, entregou uma carta.

Carolina, depois de abrir o envelope, ficou muito surpreendida ao ler o que na carta estava escrito:

Chego no dia 21 de Março. Estação nova. Tua Prima.

Voltou a ler a carta, outra vez e ainda outra, sem nada entender: – Quem será esta prima que eu não conheço? Bem, só faltam três dias para saber.

Três dias? Tanto tempo para uma menina cheia de curiosidade. Por isso, Carolina não sossegou e, na véspera do importante dia, demorou a adormecer.

O dia 21 de Março amanheceu envolvido por um sol radioso. A menina levantou-se cedo e, vestida com uma roupa de festa como alguém que espera visitas, saiu de casa. Apertando numa das mãos a carta, dirigiu-se, sem demoras, à estação dos comboios (que era nova porque tinha sido construída há pouco tempo).

Ao chegar viu um grupo de entusiasmados meninos. Aproximou-se e percebeu que alguns seguravam um envelope. Resolveu então perguntar-lhes o que faziam ali.

Os meninos contaram que cada um tinha recebido uma carta que dizia:

Chego no dia 21 de Março. Estação nova. Tua Prima.

Carolina mostrou-lhes a sua carta que dizia exactamente o mesmo.

Tudo parecia estranho.

Resolveram esperar. Viram passar um comboio, depois outro e ainda outro… Finalmente aproximou-se da estação, em marcha lenta, um comboio que acabou por parar.

Dele saiu uma bonita menina com um vestido coberto de flores: malmequeres, papoilas, tulipas, lírios… No seu chapéu, amarelo como o sol, esvoaçavam andorinhas e pardais; os seus sapatos eram verdes como a erva dos campos.

Carregada de malas, dirigiu-se aos meninos:

– Fui eu que vos escrevi. Estou muito feliz por me terem vindo esperar. Sou a vossa Prima.

– Nossa Prima? – perguntaram os meninos de olhos arregalados.

– Como te chamas? – apressou-se a perguntar, Carolina.

– Ah! Ainda não descobriram? Eu sou a Vera. Sou a vossa Prima e de todos os meninos do mundo. Costumo chegar aqui neste dia. Sou a… PRIMA VERA!

Que surpresa tão grande! Os meninos ficaram radiantes.

Feitas as apresentações, a Prima Vera começou a abrir suas malas para mostrar os presentes que trouxera: SOL, ANDORINHAS, FOLHAS VERDES, FLORES, BORBOLETAS, JOANINHAS e muita, muita ALEGRIA.

Agradecendo a presença de todos, a Prima explicou que iria, de seguida, ao encontro de outros meninos.

Mas voltaria para o ano. Palavra de Prima Vera!

Antes de partir, pediu ainda aos meninos que anunciassem a sua chegada a todas as pessoas.

Eles assim fizeram. Correram até suas casas, sorridentes e ansiosos por contar aos pais, irmãos, avós, amigos e vizinhos que era um dia muito especial: tinha chegado a PRIMAVERA!

CUSTÓDIO, Lourdes (2002). Vem aí a Prima Vera. Vila Nova de Gaia: Gailivro.