Educao de Infancia
O Cesto dos Tesouros desenvolvido por Elinor Goldschmied, contém objectos de uso quotidiano seleccionados de forma a proporcionar uma grande variedade de estímulos e experiências às crianças.
As crianças pequenas revelam uma necessidade imperiosa de explorar e descobrir por si próprias e o Cesto dos Tesouros é um óptimo recurso.
Os objectos do Cesto são sempre “novos” porque potenciam diversas aprendizagens. Os objectos de plástico e os jogos comerciais são excluídos uma vez que, é questionável a qualidade das experiências sensoriais que oferecem.
Alguns exemplos de materiais a colocar no cesto são:
Objectos naturais – frutos, conchas e pedras;
Objectos de materiais naturais – novelo de lã, pincéis e cestos;
Objectos de madeira – colher de pau, molas e cubos de madeira;
Objectos de metal – chaves, espremedores e coador;
Objectos de couro, tela e pele – porta-moedas, cintos e bolas de borracha;
Papel e cartão – cadernos, papéis variados e caixas de cartão.
Estes são apenas alguns exemplos, muitos outros materiais, dentro destas categorias são possíveis de constar no Cesto dos Tesouros.
Como sou eu?
Tens olhos para ver
Os gatos a brincar.
Tens orelhas para ouvir
Os pássaros cantar.
Com a boca falas e ris
E para cheirar as flores
Precisas do teu nariz.
Com as mãos podes apalpar
Com os braços abraçar.
Tens pernas e pés para correr
Que mais podes tu querer?
Os olhos, as orelhas
A boca e o nariz
As mãos e os braços
As pernas e os pés
É assim que tu és.
Autor desconhecido.
Sendo a integração do bebé um processo interactivo que envolve de um modo forte e significativo a criança, a família, o grupo de crianças, o pessoal, e todo o ambiente, exige uma reflexão aprofundada sobre as modalidades de adaptação à creche.
O ambiente é determinante na qualidade da rede de relações que proporciona, razão pela qual se organiza o espaço de forma a facilitar a comunicação e a partilha das culturas em presença. Condições para que cada criança e família se sinta bem desde o primeiro encontro.
Com o objectivo de encontrarem os procedimentos adequados que ajudem a criança e a família a ultrapassarem a ansiedade ligada à separação, é possível estabelecer com cada família um programa para a integração da criança tendo, necessariamente, em conta as características de cada família e a singularidade do processo de adaptação de cada criança.
Poderão ser definidas, em equipa, (e equipa da sala) as estratégias para a integração do bebé na creche tendo em conta as expectativas das mães:
quer proporcionando uma visita à creche, antes da integração da criança. Os pais irão conviver antecipadamente com o futuro espaço do seu filho, os objectos, e as cores que o envolverão. Lembro uma mãe que nesta visita perguntava: “o meu bebé pode ficar com a cama amarela ?” Por outro lado, o bebé entrará em relação com o novo ambiente e com pessoas na presença da mãe, mais facilmente será capaz de mobilizar as suas relações de fixação;
quer proporcionando encontros com pais cujos filhos já frequentaram a creche para confronto de preocupações e experiências (estas reuniões têm sido muito eficazes na redução da ansiedade e começa a instalar-se uma maior confiança reforçada por esta ajuda entre pares. Os pais são convidados a calendarizar a entrada gradual dos seus bebés, conciliando os interesses e necessidades de cada família);
quer favorecendo a entrada gradual dos bebés para que cada um deles e a sua família possam receber a devida atenção por parte do pessoal no primeiro dia de permanência na creche;
quer, a adaptação progressiva em que os tempos de permanência do bebé, na creche deverão ser mais curtos de início;
quer o, objecto transicional, assim denominado por Winnicott, que constitui uma fonte segura de conforto e alívio, e tem um papel importante porque permite representar a mãe ausente e dessa forma tolerar a separação. Frequentemente a mãe tem vergonha de trazer o objecto preferido do filho. Por vezes, quando a educadora insiste na importância deste objecto na creche, mães há, que não o trazem, dizendo que o seu filho não tem preferência por um objecto. Lembro uma mãe que foi comprar um boneco para trazer para a creche e tempos depois, após confiar, foi capaz de trazer um pedaço de soutien velho e malcheiroso que o seu filho “não largava”. Enquanto estes “milagres” não acontecem e na impossibilidade do bebé escolher o seu objecto, pode a mãe, construir com a educadora, um boneco que levará, para ganhar os cheiros de casa, e depois, trará para a creche. Mães há, que mantêm o boneco junto ao peito para o impregnar do seu cheiro;
quer, ainda, solicitando a presença da mãe durante o período de adaptação do bebé. Estratégia utilizada, com eficácia, nas creches camarárias de Reggio Emília, onde, com saber e convicção, a equipa se deixa observar, observando..
A educadora combina com a mãe a sua presença na creche, durante o tempo necessário, até a criança se sentir segura. A mãe é informada da importância deste procedimento, bem como da atitude que deve assumir de observadora participante, sem interferir na conduta autónoma da criança. A mãe é convidada a participar nos cuidados do seu filho e a estar presente durante as refeições e o repouso.
As mães, referindo-se ao período de integração do bebé na creche, falam dos seus sentimentos, de tristeza, de estranheza quando dizem: “vou sentir falta do meu filho”, “vou ter pena de o deixar a pessoas estranhas” ou “já sinto falta do meu trabalho”. Manifestam receio de não serem aceites no seu estilo de cuidar o bebé quando referem por exemplo “tenho vergonha desta chucha, é a única que ele gosta.”
Referindo-se ao bebé, dizem as mães, que vai sentir estranheza relativamente ao espaço e às pessoas, à forma como vai ser cuidado, à individualização de tratamento: “não vai dormir”; “vai sentir a falta do peito”; “vai precisar de colo para não chorar”; “ vai estranhar o barulho”.
As educadoras, pelo seu lado, referem-se a sentimentos de estranheza, receio de não serem capazes de descodificar correctamente os sinais do bebé que não conhecem; de frustração.
Durante o período de integração na creche poderão surgir, na criança, sentimentos de abandono, dando lugar à ansiedade ou insegurança.
Na creche, é observável que a raiva dirigida contra a pessoa ausente se manifesta muitas vezes quando a mãe vem buscar a criança. Ela tem um comportamento marcadamente ambivalente: se por um lado parece ignorar deliberadamente a presença da mãe, por outro pede-lhe o seu apoio e conforto, chorando e agarrando-se a ela. Esta situação não é bem entendida pela mãe criando sentimentos confusos, aumentando a culpabilização ou ansiedade que nutre por deixar as crianças ao cuidado da creche. Saber que a creche é factor de desenvolvimento para o filho pode compensá-la e de certa forma desculpabilizá-la.
Todos estes sentimentos a par de outros, como o do apego em construção e o do apreço levam, necessariamente, a que se instalem na mãe, na criança e na educadora, sentimentos ambivalentes.
A compreensão destes sentimentos, bem como dos diferentes papéis que implicam especificidade de funções, pode devolver à mãe (e ao bebé) a confiança necessária para ultrapassar com mais tranquilidade esta fase.
Entende-se a creche, como um sistema permanente de relações educativas de comunicação, socialização e individualização com a responsabilidade de protecção da saúde física e mental das crianças. Um ambiente criado para dar continuidade de cuidados prestados pela família à criança, favorecendo, entre outras, a satisfação das necessidades emocionais básicas de intimidade, de atenção, de aceitação, de desenvolvimento da auto-estima, de descoberta e formação do eu em relação com o outro.
Referimo-nos à infância permite-nos dar resposta a algumas questões directamente relacionadas com a necessidade de ajudar a criança a ver-se como sujeito da sua própria aprendizagem.
Mas a que criança nos referimos? Será que todos nos baseamos num conceito de criança comum? Nas representações de cada um de nós, as crianças serão todas iguais? Se sim..em que aspectos? Se não… em que se diferenciam? E a escola, de um modo geral, a que crianças procura resposta? Será esta escola um espaço de respeito pelas diferenças ou de construção da homogeneidade?
Tanto quanto possível, é importante, através da reflexão crítica, pensar nestas questões e procurar dar-lhes resposta, analisando, em primeira instância, que respresentações sociais tem cada um de nós e, consequentemente, transmite às crianças em situações concretas da sua prática educativa. É imprescindível que a criança seja efectivamente uma criança real, a criança que, quotidianamente encontramos nos espaços educativos para assim podermos compreender as suas necessidades, interesses e identidade.
Dar-nos esta possibilidade implica rever a visão que temos sobre a infância e transformá-la num objecto de estudo e de reflexão constante.
Trata-se, acima de tudo, de pedir aos Educadores que formem adultos reflexivos, com capacidade para pensar antes de agir e realizar-se a si mesmos tendo como eixo valores que os levam a procurar uma sociedade melhor, pois aqui reside um dos mais profundos sentidos da profissão docente, da nossa profissão.
Hoje partilho um poema para trabalhar o Tacto ou o Corpo Humano:
Os dez dedos
Tenho dez dedos nas mãos
Cinco nesta e cinco nesta
Os meus dedos tudo podem
E de tudo são capazes
Se fecho as mãos não os vejo
Quando as abro vejo então
Mexo-os para cima e para baixo
E depois… já cá não estão.
Autor desconhecido